A ARTE DE SORRIR
(Por
Leny Mell)
Um leve esforço, que seja apenas um esboço, e o sorriso desarma
qualquer mau humor. Tem sorriso de amor, escancarado, molhado de chuva.
Gargalhado depois de ouvir uma piada. Sorriso em meio as lágrimas, enfeitando
um dissabor. Tem sorriso de todo sabor, o sorriso do sim, diante do altar, que
gostoso! Um sorriso junto ao choro, quando nasce o fruto de um amor. Sorriso
que o tempo não leva embora, fica na memória, atravessa o tempo dourado da
infância, e permanece o sorriso de criança inocente, e que deveria ser assim
com toda gente.
Tem sorriso de esmola, pode por na sacola e levar embora.
Sorriso de reencontro, longo, de velhos amigos, queridos. Sorriso meio de lado,
falso, riso político, meio sem graça, faz pirraça e depois se abre inteiro.
Sorriso verdadeiro, quando cruza com um olhar enamorado, apaixonado. Sorrisos
de saudades, de velhos casais sentados na praça, lembrando os velhos tempos,
são só sorrisos ao vento. Sorriso sabor meio amargo, escondendo a dor de um
adeus, por acreditar em um amor ateu. Sorriso de vitória e o seu sabor de
glória, que fica na história.
Também tem o sorriso de pessoas que lutam pela vida, e entre a
vida e a morte, ainda sabem sorrir. Mas, o mais doce sorriso, eu dei hoje, logo
cedo, ao ver a foto de um curumim palestino, como diz um amigo, ao meio aos
escombros, colher flores, risos, dores e livros. Ela me faz acreditar que a
arte de sorrir a gente pinta, assina e expõem para o mundo, é de graça, não
custa nada.
E quando a humanidade não mais saber sorrir, empresta o seu
sorriso curumim palestina, e ensina o mundo a sorrir, mesmo quando tudo parece
ruir. Não deixe o seu sorriso exposto numa parede fotográfica, preso pela
moldura, pelo vidro, atrás de uma couraça. Não o deixe dentro do quadro sem
mais poder sorrir. Sorria, assine essa obra de arte todos os dias.
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