Era Domingo de Páscoa
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Lá na rua tem um homem caído na calçada - um homem falou para um menino ao seu
lado.
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Eu vi. Viu a ferida na perna dele? – Falou o menino, fazendo uma cara de nojo.
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Estava pensando em carrega-lo no colo até o hospital... - o homem falou para o
menino.
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Que nojo... E depois pegar uma doença?! – falou o menino.
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Ah, coitado! Jesus disse que a gente deve ajudar os pobres e aos que sofrem...
- falou uma mulher que estava perto.
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Ele está bêbado... – disse o menino.
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Ah! Se estiver bêbado, não... Então é um sem vergonha. Só se estivesse doente –
falou a mulher.
Outro
homem, que ouvia a conversa, estava calado para não estragar o domingo. Mas, se
falasse o que estava pensando diria:
-
A ferida dele não está no corpo, está na alma... Não há remédio para a dor que
está na alma. Só o álcool o anestesia, fazendo-o esquecer de que também já fora
um filho de Deus... De um Deus que ele, hoje, graças às pessoas, ele nem mais
vê... e nem sente.
Aos
poucos, o grupo que se formara ao redor do homem caído, foi se dispersando, a
começar pelos que mais pensavam e menos falavam, até àquelas que mais falavam e
nada faziam.
E
o homem ficou lá sozinho, como antes estava – bêbado.
EP.
Gheramer
Site do Autor: Palavras ao Vento
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