APENAS UMA GOTA
Crédito da imagem: Vladimir Kush
Usando
a Bíblia como referência, escrevi um artigo com o título “Eu Mataria Jesus?”.
Como é natural, uma coisa puxa outra e quase sempre relacionada imediatamente à
anterior. Este é o motivo do presente texto.
Certa
noite o meu filho, então ainda uma criança, foi acometido por uma forte reação
alérgica, apresentando tosse, obstrução nasal e secura dos olhos. Passamos boa
parte da noite até conseguir superar a crise para ele poder, então, voltar a
dormir.
Deitado
em meu leito, enquanto ouvia sua respiração ritmada normal, mostrando um sono
tranquilo, decidi que era hora de retirar as plantas que vinha cultivando há
mais de sete anos em meu apartamento. Para que se tenha uma ideia, eu diria que
o apartamento se assemelhava a uma estufa, tal era a quantidade de plantas.
Perguntei-me por que estava decidido a
sacrificar algo que tanto prazer me dava e do que eu tanto gostava. E a
resposta me veio imediatamente: era por amor ao meu filho que eu faria aquilo.
Fiquei a pensar em quão grande e infinito fora
o amor de Deus quando entregou o seu próprio filho para ser sacrificado e se
tornasse o salvador dos homens. O Seu filho unigênito simboliza tudo aquilo que
uma pessoa dá mais valor em sua vida; e não há nada que tenha mais valor para
um pai do que o seu próprio filho. Creio que esta foi a lição que Deus quis nos
dar, dentre as inúmeras que nos dá diariamente. Nós devemos abrir mão de coisas
que para nós são muito preciosas em favor de algo maior e mais excelente que é
o amor ao próximo. Que bela lição eu recebi daí. O meu egoísmo, durante estes
mais de sete anos, impedira-me de amar até mesmo o meu próprio filho. Tal é o
seu poder de cegar o homem.
Mas, não foi por meus méritos ou virtudes que
decidi deixar o amor agir e o coração falar, ao invés de continuar a dar
ouvidos ao pernicioso egoísmo. Foi graças à comunhão que cresce a cada dia
entre mim e o Salvador que permitiu que ele colocasse dentro do meu coração
todo este amor.
Por outro lado, minha ação não foi notada
por meu filho. Então lembrei que o sacrifício
de Deus, ao dar seu filho para morrer pela humanidade, também não fora notado.
Antes, mataram seu filho. Ora, se o nosso alvo como filhos de Deus é chegar
cada vez mais próximo da perfeição de Cristo, então, nada mais coerente do que
minha ação ser ignorada, ela também foi motivada por amor – embora
infinitamente menor do que o amor de Deus, mas sendo parte deste mesmo excelso
amor. Assim, não fiquei triste porque meu filho não tivesse notado o grande
amor que tenho por ele, através de minha simples atitude de retirar as plantas
do apartamento.
Dou graças a Deus por ter dado o seu filho
para a minha salvação.
Muitos podem estar se perguntando que
salvação é esta da qual estou falando?
Mas, esta é outra pergunta e para respondê-la será necessário outro
texto. Tenho certeza que no seu tempo ele virá. Posso adiantar que se trata de
uma Libertação.
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