Os Diques da Alma
(Por Osny Alves)
Chega um tempo na vida em
que tudo está desbarrancando, e você com seu barraquinho prestes a cair
ribanceira abaixo, mas você continua a se segurar, aguenta toda aquela pressão
que invade os labirintos do seu “eu” como uma tromba d’água, destruindo as
paredes de sua esperança, e a sua vila de segurança, pelo menos o pouco que
ainda sobrava dela.
Então toca aquela música
que lhe faz lembrar do passado, dos teus sonhos, do que você planejava nessa
época, das coisas que tinha em mente prontas para se realizar, e a maioria não
passou de simples utopia, e que mesmo depois de algum tempo, não serviam para
nada! Quantos segredos morreram sem ser revelados, quantos sonhos foram
despertados ainda em seu início de sono, ou mesmo ainda acordado.
Aí desmorona tudo de uma só vez. Caem as paredes, a vila é arrastada, o labirinto do seu próprio “eu” é devastado pelas forças das aguas, das magoas, as janelas da alma que muitas vezes foram fortes barreiras, construídas com o tempo para não serem traspassadas, de repente... Esses diques que ao som daquela canção, que o tempo não conseguiu ocultar, racham e fazem essa barragem ser destruída, por não aguentar suportar o peso da tristeza e do fracasso que insistem permanecer ao seu lado, e derrama face abaixo, como uma cachoeira, tal qual a de Foz do Iguaçu, e faz-nos chorar.
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