LIBERDADE ATRÁS DAS GRADES.
LIBERDADE ATRÁS DAS GRADES.
(Por Maristela Ormond)
camadegato.globo.com |
Há algum tempo atrás assisti a uma
reportagem em que uma professora, se não me falha a memória, roubou algo pequeno
em um departamento comercial e saiu displicentemente com o objeto roubado com o
objetivo de ser presa.
Na cadeia deu uma entrevista dizendo
que estava bem e que seu intento era realmente ser livre.
Estava exacerbada com os compromissos assumidos, tarefa a serem feitas e
já não havia mais tempo para ela mesma. Falou sobre alguns livros que estava
lendo, algumas músicas que gostaria de ouvir e já não havia tempo para que
estas simples coisas pudessem ocorrer normalmente em sua vida.
Seu marido
contratou um advogado, porém ela recusou-se a falar com ele, pois só sairia da
cadeia quando terminasse de ler o terceiro livro de sua lista e ouvisse sua
coleção de CDs.
Fiquei a
pensar até que ponto ela estaria certa em seus pensamentos, pois temos leis que
dão aos presidiários com família em salário para o sustento da mesma, comida,
banho de sol (coisa que fazemos só lavando roupas da família) e outras coisas
que normalmente não temos direito, como ficar de papo para o ar, não lavar
louça, limpar a casa, ser maltratada pela sociedade e por aí afora...
Acabei por
me perguntar onde poderia encontrar tal descanso longe de tudo isso, pois pagar
por um hotel cinco estrelas para todo esse descanso seria oneroso em vista do
salário que ganhamos.
É certo que
dentro de um sistema penitenciário, as regalias não são iguais a de um hotel,
porém, para quem está ao lado de fora desse sistema e subsidia toda essa
estrutura para pessoas que lá estão e que ainda por cima, de uma forma ou de
outra, burlaram as leis, sejam elas quais forem é de se pensar até que ponto
realmente vivemos uma liberdade...
Seria um
desespero descabido a intenção dessa cidadã, ter um momento, um tempo para si,
uma vez que vivemos uma liberdade assistida e numa prisão sem grades?
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