ERA UMA VEZ
(Por
Maristela Ormond)
Era uma vez um país onde as pessoas
não valorizavam as pessoas que gostavam de ensinar e estudar.
Essas pessoas gastavam anos e anos
aprendendo, gastando tudo que tinham para realizar o sonho de um dia poder
falar com muitas outras pessoas sobre tudo aquilo que aprenderam. Sentiam-se
felizes por poder conversar com a população do país, ensinando sempre mais e
mais e com isso, gastavam muito dinheiro para fazer cursos de aperfeiçoamento
para aprenderem mais, saber mais, ensinar mais.
A alma dessas pessoas ficava muito
feliz, afinal tudo o que queriam era conversar infinitamente e dar um pouco
mais de sabedoria a um povo que era tão inteligente, mas não tinha conhecimento
do potencial que possuíam e por isso nunca se revelavam, estavam sempre
taciturnos e chateados...
Acontece que no meio desse povo
existiam também pessoas que não se preocupavam em saber nada e não tinham
vontade de aprender, então maltratavam demasiadamente o instrutor dos saberes e
este se sentia muito magoado chegando a pensar em desistir, em abrir mão da
alegria de ensinar.
Nesse país, mais e mais pessoas eram deprimidas
por não conseguir estudar e acabavam desistindo porque desta forma nada entrava
em suas cabeças. Era tudo uma bagunça, um barulho que não permitia a quem
queria o direito de pensar e aprender.
Um dia o mestre deste país ficou
muito, muito triste mesmo e começou a adoecer. Seu coração estava quase parando
de tristeza quando descobriu que não conseguia ser tão feliz em sua profissão,
pois ninguém se interessava pelo seu trabalho. Descobriu também que a pessoa
que governava o país não dava importância para que o povo aprendesse, ao contrário,
tinha até medo de que se as pessoas soubessem, causassem problemas, pois se
tornariam pessoas críticas e começariam a exigir alguns direitos que este
governante não pensava em hipótese alguma em doar.
Algumas leis foram outorgadas (e
muito bem pensadas) para que tudo desse errado e para desestimular o mestre.
Chegou a tal ponto que esta pobre criatura já não tinha mais nem como se
manter, para continuar seu trabalho. Ora vejam só...
A população deste país foi ficando
cada vez mais alienada e como não sabiam e não compreendiam o que os dirigentes
faziam e quais eram suas estratégias, mais eram subservientes aos comandos que
lhes eram impostos.
Era uma população carente, com fome,
com a pele amarelada por carência de vitaminas, remédios, saberes que pudessem
acordá-los para a realidade que viviam, pois a Saúde também não funcionava. Mas
eles não sabiam pobrezinhos... E não sabiam por que algumas dessas pessoas não
deixavam que pudessem estudar e compreender o que acontecia bem diante
deles. Com isso, iam ficando cada vez
mais doentes e ficavam mais doentes ainda os mestres, aqueles que gostavam do
que faziam e sentiam que era preciso salvar a população carente mesmo diante de
tantos desafios a serem vencidos: aqueles que queriam atrapalhar e aqueles que
governavam o país que não queriam que compreendessem o que lhes acontecia.
Nesse país, aos poucos, as pessoas
foram esmorecendo, foram morrendo à mingua. Tristes, sem motivação, sem
alimentação suficiente. Não havia alimento para a vida prosseguir e não havia
muito menos alimento para a alma.
Era uma vez um país, onde as pessoas
não valorizavam aqueles que gostavam de ensinar e aqueles que gostavam de
estudar...
(Qualquer
semelhança com fatos reais é mera coincidência).
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