O meu poema de morte
Abriam-se
os portões do monastério e conosco a bênção e a nossa liberdade. Deixávamos
para trás o lugar onde fomos "presos" por mau comportamento e
seguíamos rumo à escola estadual. Sabia como um prémio!
O esplêndido
jardim, no quintal do monastério, é nossa obra. Os túneis incógnitos
sob o soalho, inexistiram por nossas mãos.
Já faz
tempo!
Hoje os
meus passos são mais curtos do que a rouquidão da minha voz, a santidade veste
a minha velhice, mas tenho que deixar esta confissão:
"Meu neto Benethon, estas
unhas turvas do vovô escavavam com paciência os túneis incógnitos, fazendo
caminho para um lugar qualquer, fora do monastério. Era o nosso
caminho de esperança, rumo à busca de mulheres. Aos sábados carregávamos
a areia nos bolsos e depositávamos no quintal – erguia-se um belo jardim, o
qual nos voluntariamos a fazer. Aos domingos, tínhamos o luxo de caminhar
até ao pátio para entregar o lixo e carregávamos nos bolsos um pouco de
areia. Cavavamos mão a mão, transportavamos bolso a bolso, havia
mais paciência do que pá.
Foi assim que nasceu o jardim que hoje
brinda a arquitectura do monastério e foi esse o caminho que levou-me a
conhecer a sua avó, Penina.
Resolver os problemas que criamos
tornou-nos santos e merecedores do perdão dos Homens.
Acho que já é tempo de Deus nos perdoar
também!
Todo santo nasce de um pecado."
Marcos André
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