HUMANIDADE
HUMANIDADE
(Por Maristela Ormond)
Fu trabalhava
constantemente e dia desses carregava incansável uma grande folha em direção ao
formigueiro pensando nas provisões para o inverno que logo chegaria. Mi uma
velha conhecida sua, também estava na mesma labuta a alguns metros à sua
frente. Gui que era uma enfermeira, também trabalhava dia e noite em socorro
dos doentes e a procura de companheiras que pudessem necessitar de seus
serviços e Nha era simplesmente uma passante sem formação nenhuma, mas com
muito conhecimento de mundo, de trabalho, da vida.
Todas
trabalhavam com afinco, quando um enorme incidente aconteceu. Lá de cima a
sombra de um gigantesco sapato assolou o caminho que faziam machucando
seriamente Fu que caiu embaixo da folha com as patinhas machucadas e sem
condições de se erguer, Gui também ficou gravemente ferida. Mi e Nha que nada
haviam sofrido, correram ao encalço das duas, verificaram o que poderiam fazer
para amenizar a dor das companheiras e enquanto uma delas faziam-lhes companhia
tentando reanimá-las a outra buscava auxilio por todos os cantos, contando o
que havia acontecido, pedindo socorro e fazendo com que todas se mobilizassem
em favor das duas feridas. Enfim encontraram socorro. Companheiras fortes apareceram e carregaram
as duas para o formigueiro onde receberiam auxilio imediato.
Não muito
distante do local onde aconteceu o incidente, passantes de uma rua movimentada
circulavam de um lado a outro caminhando apressadamente, quando uma mulher
muito bem vestida, portando bolsa e sapatos caros caiu na calçada desmaiada.
Logo alguns passantes que viram a cena correram para acudi-la, tentando fazer
com que recobrasse os sentidos e chamando o resgate para que pudesse receber os
devidos cuidados.
Ainda do outro
lado da mesma rua, também passava um senhor com roupas rotas e aparentemente
sem moradia, também desfaleceu em plena calçada, talvez estivesse com fome,
talvez tivesse tido um mal súbito, não sabemos, porém, as pessoas que passavam
olhavam e ao contrário do que acabei de descrever espiavam o homem e saiam
dando a volta pelo corpo sem auxiliá-lo. Houve alguém que ainda comentou: “O
que a bebida faz, não é? ” E lá ficou o homem malvestido, sujo e ignorado pelos
passantes pois o seu diagnóstico já havia sido dado...
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