FELIZ ANO NOVO, QUERIDOS AMIGOS!
Foto por EP. Gheramer
Tenho
observado o desenrolar dos acontecimentos entre vocês dois. Junto ao lado
triste de tudo isso, há também um lado bom. É do amadurecimento.
Evitei
durante muito tempo opinar sobre o que está acontecendo. Porém, sempre soube
que não poderia dizer que um ou outro estava errado. Acho que não é culpando o
outro que se chega a uma solução satisfatória e madura. Sei, também, que nenhum
dos dois está preparado ainda para assumir culpas e, em minha opinião, não
devem assumir.
Depois de
muito evitar, resolvi escrever-lhes o que penso sobre o casamento, sobre os
sonhos e desilusões que temos e muitas outras coisas. O que vou lhes dizer, penso
que serve para qualquer casal e, portanto, não é só para vocês. Todos, ou quase
todos, passam pelo que vocês estão passando. A diferença é a maneira como cada um
passa por esta etapa de uma vida a dois.
Pretendo lhes
dizer como vejo as coisas em geral e, quem sabe, possa contribuir para que
pensem sobre algo que ainda não tinham pensado.
Ninguém pode
ser condenado por ainda não ter experiência suficiente. Pode ser condenado por
ter pressa em resolver uma situação.
Voltemos aos
nossos tempos de infância. Nós nascemos e à medida que vamos crescendo, vamos
conhecendo as coisas, vamos tendo experiências que são responsáveis pela
maneira de encararmos as coisas.
Quando
chegamos à juventude, vamos construindo nossos sonhos, começamos a imaginar
nossas vidas futuras com os olhos ainda embaçados pelas experiências infantis.
Mas, à medida que o tempo vai passando, tomamos contato mais de perto com a
realidade que nos cerca e que nos limita, nos obriga a refazer muitos sonhos. É
o amadurecimento. Vemos com tristeza que as coisas não são como havíamos
imaginado. Muitos não aceitam esta realidade e caem em profunda depressão e
resolvem fazer um mundo à parte, onde vivem das fantasias. Aqueles que vivem em
um mundo de fantasias, não enxergam mais nada e acabam internados em uma casa
de saúde. Isto é a desordem mental.
Mas, graças a
Deus, isso não acontece com todos nós. O normal é cair e levantar, é fazer
novos planos – desta vez mais reais – mais de acordo com a realidade... É nisso
que consiste o amadurecimento. Penso que aos trinta anos podemos dizer que um
indivíduo é maduro. Com esta idade, a pessoa já caiu muito e já se levantou
muito.
Nossa
sociedade nos leva a fazer a escolha de nosso par ainda muito jovem, muito
antes dos trinta e, portanto, ainda não totalmente maduros. Ainda sem condições
reais de dar valor às coisas que realmente têm valor nesta vida. E por ainda
não estarmos prontos para abandonar nossa visão infantil da vida, sofremos
bastante e erradamente somos levados a pensar que a melhor maneira de resolver
o problema é afastando-o de nossa frente.
É justamente
nesta fase, quando estamos confusos e decepcionados com a vida, que o jovem já
está casado. Então, tudo se torna pior. Torna-se pior porque os dois estão
confusos e achamos que a melhor maneira é afastarmos o outro de nossa vida. É
um procedimento natural, é próprio do ser humano. É sempre mais fácil lançarmos
a culpa de nossa insatisfação no outro e, assim, um culpando o outro, a
confusão aumenta e se agrava. Parecendo que a solução é o afastamento. Neste
momento, esquece-se que não podemos nunca mais apagar de nossas vidas a
presença do outro. Muitos falam em recomeçar. Não se recomeça uma vida. Uma
vida é feita de tudo pelo que passamos e, depois que passamos, não podemos
apagar com uma borracha. Não existe recomeçar, o que existe é um continuar
sempre carregando o que passou.
Muitas vezes
acontece que o jovem casal, depois de algum tempo juntos, ficam a pensar nas
coisas tão boas (?) que não fez e que poderia ter feito. Isto é uma ilusão.
Aqueles que se separam pensando nisso, depois de algum tempo, vêm que não vale
a pena. Os bailes, as festas, a liberdade que passam a experimentar, não têm
mais o gosto que tinham antes do casamento. Isso porque o outro sempre estará
em seu pensamento. Logo, depois de algum tempo, vem o vazio e com a maturidade
– o arrependimento.
O vazio que
se forma é enorme. Ficamos com um sentimento de que falta alguma coisa.
Se eu tivesse
que dizer algo a um casal em crise, eu diria: paciência! Esta é uma palavra
mágica e muito difícil de ser aceita. É difícil porque quando somos ainda
jovens, achamos que só nós sabemos o que é melhor para nós. Isto é uma ilusão
que, mais cedo ou mais tarde, constatamos.
Uma vida de
liberdade (?), com muitos namoros, festas e etc. é passageira. O que vale mesmo
é uma família, é um lar onde um encontra o outro depois de um dia de trabalho e
choram ou riem juntos. É uma ilusão pensar que os amigos ou outras pessoas nos
podem dar isso. Só no lar, na família, encontramos o verdadeiro e sincero amor.
A maior ilusão é a amizade. Cada um só está pensando nele próprio e só pensa em
você enquanto convém.
Volto a dizer
que não quero convencê-los de nada. Só quero que, pelo menos, pensem nas
palavras que escrevo. Esta é a minha experiência de vida. Cada um tem uma
experiência diferente, embora haja pontos comuns que somente podem ser vistos
com mais vivência.
Seja o que
for que aconteça, sempre estarei com vocês dois. Não acho que um ou outro tenha
alguma culpa. A vida é feita de erros e acertos, embora quanto mais velhos
sejamos, isto é, quanto mais tempo de vida temos, erramos cada vez menos – se
formos inteligentes e a sorte ajudar.
Mas, uma
separação às vezes é até bom desde que ocorra num clima que possibilite uma
futura reconciliação.
Acho que as
maiorias dos casais que se separam poderiam voltar a viver juntos, se um não
magoasse o outro, tentando machucar o outro bastante. Penso que um casamento
que termina com desquite, divórcio ou qualquer outro nome - onde outras pessoas
estão envolvidas -, não tem muita chance de uma reconciliação. Não é a simples
assinatura de um papel que fará com que tudo acabe. O amor está acima disso.
Acho que no lugar de uma separação na justiça, o melhor seria os dois
combinarem afastar-se, sem um tempo determinado. Assim um dia, talvez, quando
estivessem mais maduros poderiam resolver o que fazer. Se ainda quiserem uma
separação no papel, poderão fazê-lo.
Quando um
casal vai para a justiça, está deixando que outros homens resolvam suas vidas.
Nunca houve
amor entre vocês se agora começarem a ofender e ferir um ao outro. Que tipo de
amor é esse?
Resolver o
caso na justiça é o mesmo que assinar um papel dizendo que nunca houve nada
entre os dois. Isso é verdade? Pensem nisso.
Paciência.
Essa é a palavra mágica. Juntos ou separados, tenham paciência. Esperem algum
tempo até tomarem alguma decisão.
É natural que
durante a gravidez a mulher se sinta rejeitada e abandonada pelo marido; é
natural que os dois sintam medo quando nasce uma criança; é natural que os dois
se sintam presos, pois, é maior a responsabilidade. Mas, com o tempo, tudo
melhora. Ficamos maduros.
Se tiverem de
separar-se, separem-se. Mas não se ofendam muito, para que um dia possam voltar
a ficar juntos. Tenho certeza que é isto o que acontecerá.
Penso que uma
separação na justiça é um selo onde se lê: nunca mais será possível uma
reconciliação.
Como já foi
dito no início, todo casal passa pelo que estão passando. A diferença está na
maneira como passam.
Que Deus
esteja com cada um de vocês, dizendo o que é melhor.
EP. Gheramer
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