Noites Sem Fim
De
repente o lamento da noite, cai na insônia que me desperta, para pensar na vida
dura que a solidão sempre impera. Liberta-me do sono que aprisionam os seres
vivos e vivo bem mais que os mortais que perdem horas incríveis de sono, com
sonhos e pesadelos que os agitam durante a noite... traz-lhes alegrias, espanto
e pavor, acordam com medo e nos olhos é possível ver o horror de seus cálidos momentos
únicos e íntimos com seu inconsciente. E após o susto uns dormem tranquilamente
e outros ficam desenhando seus fantasmas na escuridão de um quarto vazio.
E
fora das paredes do sono me aprisiono nas armadilhas da noite, uma solidão que
devasta amizades e companheirismo seja eles quais forem. Sozinho fico na
varanda olhando as luzes das casas e dos postes ao longe que piscam como se
comunicassem umas com as outras, na calada da noite. Vez ou outra vejo uma alma
que passa amedrontada com as sombras das arvores da praça que dançam conforme o
vento uiva. Outras vezes perco horas frente ao computador catando letra aqui e
acolá, tentando escrever uma poesia, um texto, um conto, mas nada sai do jeito
que eu sonhava, ainda que acordado, desperto de um sono que sempre me remeteu
uma inveja que confesso ter de quem deita, fecha os olhos e ronca. Até mesmo do
roncar eu sinto vontade durante a noite. Mas parece que pago um pecado desde
criança quando achava que via fantasmas no meu quarto quando olhava fixamente para
a maçaneta da porta que parecia mexer sozinha e ver meus fantasmas andar pela
casa vazia de seres despertos como eu. Hoje percebo que meus fantasmas jamais
existiram, restou apenas a ilusão que a noite prega em quem anda no escuro como
um morcego, uma coruja ou um felino atrás de sei lá o que. Percebi que vivo
vinte e duas horas por dia, um viver inútil e sem grandes aspirações, numa
cadeia de grades negras e correntes poderosas que se chamam noites sem fim.
Osny Alves
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