Ainda bem que apesar da concretude...





                                                                 Imagem: Claudiane Ferreira

Ainda bem que apesar da concretude...

Por ( Claudiane Ferreira)

Se eu soubesse o dia da minha passagem (morte) e um anjo me concedesse um último passeio nem titubearia, iria para a praia. Quem eu tentaria levar para essa última comemoração? As pessoas que demostram com ação o quanto faço a diferença em suas vidas. Aquelas que mesmo eu falando absurdos... , mantém seu foco no que tenho de melhor.

Tempos atrás li uma crônica da Martha que dizia que depois dos quarenta o que importa é nos divertir e não perder tempo se preocupando com bobagens. Sendo assim deixamos “a morte” de lado e vamos falar de vida.

Ontem acordei um pouco tarde, me vesti para caminhada habitual, olhei para o espelho e desejei paz e felicidade, para aquela do lado de lá, afinal é um amor que se mantêm aceso há 51 anos. E vocês hão de concordar comigo que não é tão fácil assim em meio à concretude da vida e as perdas. Admito que eu me amo.

Durante a caminhada em meio a minha gratidão pela oportunidade de mais um amanhecer, lembrei-me de um trecho de um poema do Saramago que diz que “ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado”. Sim, Saramago tem toda razão, mas também é se expor a sublimes emoções... Como por exemplo, minha filha programar uma praia comigo em um horário atípico (é muito branquinha, e só gosta de ir à praia próximo ao por do sol), além de acordar cedo em pleno sábado e depois mais tarde, enquanto eu batia pernas por aí,  ela e o namorado fizeram uma mini faxina e tomaram as últimas providências de uma festa surpresa.

Água gelada, meu coração quente... Filhos e genrinho e até o mais velho que não foi na praia se fez presente em conversas que rolaram sobre o passado. Após o almoço, meus filhos foram visitar minha mãe e carregaram-me junto. Meu coração já alegre transbordou vendo os olhinhos de minha mãe brilhar de felicidade, ao ouvir um dos netos a tocar e cantar violão. Houve certos momentos que ela até cantava alguns trechos. Antes de voltarmos para casa, passamos na casa da minha comadre que fez questão de fritar seus deliciosos salgadinhos. Enfim, voltei já calibrada.

Enquanto isso, Isabella e Cia com fome esperando a aniversariante dar o ar da graça. Fica aqui registrado que esse foi o melhor aniversário dos últimos tempos.

Só resta a nós, mães e pais, rezar e aproveitar todos os momentos possíveis ao lado das nossas crias, que mesmo sendo emprestadas são a maior parte de nós!!!
A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver "1

( 1 ) Saramago


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