Mal Súbito
Por Osny Alves
Há
pessoas que acordam às vezes com o dia totalmente programado, e com o
corre-corre de uma cidade grande, nem
percebem que mal vivem direito. Temos pressa para tudo, e sem paciência com
tudo e todos. Às vezes nos irritamos com a mínima situação, o nosso falar já
demonstra ansiedade, vivemos praticamente dezesseis horas, planejando as
próximas, no entanto, temos apenas oito horas de inatividade. O engraçado, é
que muitos de nós não aproveitam bem as poucas horas de repouso que o corpo
necessita para se auto reprogramar, descansar,
sair das tensões diárias rever as estratégias, ou somente dormir e deixar acontecer....
Mal o dia começa e a correria volta, às vezes mais intensa que nunca. Comemos
mal. Dormimos mal e por fim, vivemos mal. Mas somos cobrados ao chegarmos em
uma certa idade, todas as nossas aventuras desregradas, voltam para nos
assombrar. Pressão alta, baixa, diabetes, AVC, pedra nos rins, próstata, pulmão
e mal súbito, são alguns castigos que temos que tolerar, por mais que pensamos
não termos tempo para isso. No dia 23 de fevereiro, aconteceu.... Após fazer
meus adoráveis 50 anos joviais em exatos oito dias... Levantei depois de uma
noite mal dormida, de um desjejum mal administrado, de estresses corriqueiros e
sem muita expressão em minha vida, sem muitas aventuras, ou se quer, qualquer
tipo de sintomas, ou sentimentos, só não posso falar do suspense e do drama em
que vivi nas últimas horas de terror de minha vida.... Estava dirigindo em uma
das marginais de São Paulo, quando senti um terrível mal-estar, o trânsito se
encontrava intenso, era impossível sair do carro, motos passavam como se fosse
uma procissão, um cortejo, tanto de um lado como de outro. Faltava-me o ar,
minha pressão havia subido, eu claramente podia sentir! Um calor terrível me
fazia querer vomitar.... Via que estava próximo ao meu destino, mas não sabia em
qual deles eu iria chegar, no bairro de Pinheiros ou na morte! Olhei para o
motorista ao lado e perguntei se acaso ele possuía água potável no carro e ele
me ofereceu cerveja.... Pensei
comigo se realmente melhorasse eu tomaria qualquer coisa, só que eu sabia não
ser o caso, pois se já está ruim, com certeza pode piorar.
Mais
um quilômetro encontrei um ambulante. Bebi água, lavei o rosto, estava
geladinha! Ah que alivio! Cheguei ao meu destino, minha namorada já estava
impaciente. Começamos a conversar, disse a ela sobre o drama vivido poucos
minutos atrás, e fomos comentando até chegar em um restaurante mexicano ali na
Avenida Juscelino Kubitschek... O Yucatan, um dos melhores Restaurantes de
comida mexicana de São Paulo. Estava sentado à mesa, quando voltei a sentir
mal, levantei-me, fui ao banheiro, sentia-me sufocado, voltei à mesa, sentei
novamente, pedi uma água com gás e tentei bebê-la, e ver se dava um alívio, mas
deu um resultado bem diferente, piorei em 250%, sai às pressas da mesa e fui
até a porta de entrada do estabelecimento. Haviam ali dois policiais da Rocam,
que conversavam com o gerente do local, perceberam que eu não estava me
sentindo muito bem e pediram para que eu me sentasse na mureta que adorna o
jardim de entrada do ambiente. Segui as ordens prontamente, nisso minha
namorada chegou já com a garrafa na mão e me entregou, tirei a camisa e joguei
a água sobre a cabeça e minhas costas. E logo depois pedi para deitar enquanto
chegava a ambulância que haviam acabado de solicitar! Foram momentos de terror
e suspense! Agonizei um pouco mais de 25 minutos ali no chão em frente ao
restaurante. Dores na barriga, seguida de dores no peito, falta de ar, muita
ânsia e raríssimas chances de vida. Ali você tem tempo de fazer uma reavaliação
do que foi sua vida até o momento, e eu tinha certeza que foi bem superficial e
hipócrita. Fui socorrido por bombeiros que vieram prontamente do batalhão da
praça da Sé, e a ambulância esperada nunca chegou.... Levaram me ao IAMSP onde
fiquei sabendo que eu era o quarto paciente a ser levado por eles para aquele
hospital. Fui diagnosticado com um Simples mal súbito, fiquei mais tranquilo
com a notícia! Quando perguntei à minha namorada o que era um mal súbito, ela
olhou para mim, sorriu e me disse: nada não bebê.... Quando a minha tia chegou,
fiz a mesma pergunta, já que ela é da área em questão. E ela de bate pronto me
respondeu: “Enfarto”. Olhei para ela assustadíssimo e sorri. E mais uma vez
pensei comigo: pelo menos matei a minha vontade de andar no carro do corpo de
bombeiros.
Ps.: Meus sinceros agradecimentos aos
Policiais da Rocam e da Cia. do Corpo de Bombeiros da Praça da Sé, situada a Praça Clóvis Beviláqua, 421 - Centro, São Paulo - SP,
01018-001 - em Especial aos Bombeiros
DAVID e mariane que. Prontamente me
socorreram. Ao Gerente e funcionários do Restaurante Yucatan.
Comentários
Postar um comentário